Banda composta por meninas procura seu espaço na cena de rock independente e entra em estúdio no começo de 2009
Kaoscinha era um fanzine editado por Adrielle Cardoso (Drica) em conjunto com uma amiga entre 2006 e 2007. Paralelamente, amadureceram a idéia de montar uma banda. No ano passado, a publicação deixou de existir, mas deu nome ao grupo. Em seguida, a colega desistiu da iniciativa. Hoje, a formação conta com Drica, nos vocais; Helena, na guitarra; Natália, no baixo, e Melanie, na bateria.
A banda surgiu para quebrar dogmas e lutar por direitos em uma cena de rock independente onde predomina bandas masculinas. O objetivo é unir mulheres que têm afinidade com o meio e incentivá-las a buscarem seu espaço. “Nos shows é comum ver as meninas mais atrás e a participação não é tão ativa quanto a dos meninos”, compara Drica. Esse comportamento muda quando as apresentações envolvem bandas femininas e a postura é inspiração para o conjunto.
De acordo com Drica, o predomínio machista no meio impede a participação de mulheres em bandas. “Eles acham que instrumentos não foram talhados para garotas”, justifica. “Não precisamos mostrar nada para ninguém, sabemos que somos iguais.” Essa afinidade de idéias entre as integrantes resultou na formação do Kaoscinha que mescla punk rock e hardcore, mas não se limita a isso e está aberta a experimentações. “Tocamos rock cru e gritado ou dançante e empolgante”, resume. “É um rock livre de testosterona.”
A influência de cada integrante é distinta. Drica prefere o estilo da banda e gosta de bandas femininas como, Bikini Kill e Bulimia. Melanie possui o mesmo gosto da colega, mas suas raízes vêm do folk e rock progressivo. A vertente é compartilhada por Natália que ultimamente se baseia no ska e punk rock. Helena pensa diferente, prefere o metal com destaque para o death e thrash metal.
Primeiro EP sai em janeiro
O grupo não possui nenhum disco lançado, mas pretende entrar em estúdio no mês de janeiro para gravar um EP. A iniciativa já era pra ter acontecido, mas a banda sofreu um revés na bateria. Para isso, Melanie assumiu o posto para dar continuidade ao projeto e trabalhar em músicas próprias. Por enquanto, apenas “Máquina de Viver” está pronta. A letra traz referências à tecnologia e aborda a substituição do homem no mercado de trabalho. A realidade é retratada por meio de diversão e ironia.
A ausência de uma baterista também mudou a agenda do grupo. O último show foi realizado no mês de julho, em Garuva. Por falar em apresentações, Drica afirma que a cena de música independente de Joinville está numa crescente. “Cultura Monstro, Blasé, Fevereiro da Silva e Ursulla estão realizando shows nos cantos da cidade.”, avalia. Porém, a cidade continua carente de espaço. “Falta locais para a realização de shows e apoio cultural”, lamenta.
*Matéria publicada no Jornal Notícias do Dia em outubro de 2008
Foto: Fabrício Porto.
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