segunda-feira, 13 de abril de 2009

A casa do rock*


Em oito anos de atuação, o Garage Bar cedeu espaço para bandas locais, nacionais e internacionais

Em meados de 1999, as economias de Beto e Tânia Lauer eram suficientes para reformar a residência ou construir uma casa na praia. Entre as duas opções havia uma terceira e foi justamente essa que saiu do papel em 12 de agosto de 2000. A data marcou a inauguração do Garage Bar, um dos poucos locais da cidade voltado ao rock e que se mantém em atividade.

De acordo com Beto, a idéia de se criar um espaço para o estilo veio do filho, Keith Lauer, que desconversou em tom de brincadeira: “Não foi bem assim porque eu nem tinha mais banda.” Porém, a vontade de ter uma casa direcionada ao rock surgiu na época que fazia parte de um grupo. Na ocasião, os integrantes resolveram fazer um churrasco com o show do conjunto. O local seria a garagem da família Lauer. Contudo, decidiram chamar mais bandas e cobrar a entrada. Para isso, transferiram as apresentações para o extinto Chaplin Bar, no Centro.

A bilheteria foi destinada ao pagamento do equipamento de som e quem cuidou dessa parte foi Beto e Tânia, rockeiros de longa data que se casaram na Catedral com uma música do Pink Floyd ao fundo. A iniciativa causou desespero no padre Bertino.

A admiração é tanta pelo gênero que o nome dos filhos são homenagens a astros do rock: Keith, vem de Keith Moon, um dos bateristas do The Who, e Jimmy, de Jimmy Page, guitarrista fundador do Led Zeppelin.

Show internacionais e casamentos

A identificação com o estilo é escancarada, mas o trabalho nos bastidores era novidade. No entanto, o show da banda do filho serviu de impulso para continuar. A construção foi erguida com muito sacrifício. “O galpão levou oito meses para ficar pronto”, lembra Beto Lauer. “O telhado e o isolamento acústico demoraram seis.”

Em 12 de agosto de 2000, o Garage Bar abriu as portas com um show de bandas locais do estilo punk/hardcore, entre elas, Os Carademarte e Medíocres – as duas não existem mais. Na época, o local não possuía cadeiras e geladeira – a bebida foi refrigerada em um caixa d’água coberta de gelo.

Além dos dois conjuntos, outros grupos do gênero na cidade passaram pelo Garage em oito anos de atuação: Butt Spencer, Graduação Alcoólica, Lopez, Sanchez’ e Vacine. As duas últimas continuam em atividade. Em nível nacional, destaque para os grupos Mukeka di Rato, Dead Fish, Noção de Nada, Dance of Days, Hurtmold e Cólera. As bandas internacionais não ficaram de fora e pisaram no palco: Vivisick (Japão), Hellnation (EUA), Purification (Itália) e Force of Change (Alemanha).

Nesse período também aconteceram shows de metal, mas em menos proporção. Essa tendência mudou em 2004 com a ausência de eventos com grupos punks/hardcore. “Foi uma época que só tinha show de metal e o estilo conquistou espaço na casa”, comenta Keith Lauer. Hoje, o Garage abriga a Splatter Night, que está na 12ª edição. Além da representante local Flesh Grinder – conhecida mundialmente – e outras em nível nacional, também se apresentaram as bandas internacionais Agathocles (Bélgica), CAD (Eslováquia) e Isacaarum (República Tcheca).

O que era visto com desconfiança no início pelos vizinhos, hoje é respeitado. Na rua onde está situado o Garage, existem aproximadamente três grupos. O galpão também serve para festas da comunidade como, aniversários, formaturas, encerramentos e até casamentos.

*Matéria publicada no Jornal Notícias do Dia em dezembro de 2008.

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