terça-feira, 2 de novembro de 2010

Zefirina Bomba grita em mono

Davi Rodrigues/Divulgação


Release do disco “Nós só Precisamos de 20 minutos para Rachar sua Cabeça”

Por Olga Costa - Novembro de 2009

Zefirina Bomba revoltada, enterra o coco, desconstrói o groove e parte para o grito em meio a um noise pertinente, instigante e rodeado de Hardcore. O grito é de liberdade. Um grito primal. Mesmo que para o mentor da descabelada Zefirina, a idéia de continuidade para o CD anterior (Noisecoregroovecocoenvenenado), já estivesse maturada em sua mente antes mesmo de gravá-lo.

O grito (“Só Precisamos de 20 minutos para Rachar sua Cabeça”), que estava guardado na goela, começou a tomar forma desde o ano passado quando, em terreno paraibano, surgiram as primeiras músicas que formariam esse novo trabalho. São quase 40 minutos distribuídos em 21 músicas.

Se você não sabe de onde vem, conseqüentemente, não sabe para onde vai. Zefirina Bomba escavou na sua cultura e descobriu que ainda existiam gritos para libertar. Alguns já proferidos, mas esquecidos, outros que nunca teriam uma chance de ganhar ar, e ainda, aqueles que por algum motivo foram jogados na estrada, sem um prato de sopa.

O grito é para aqueles que recebem uma enxurrada de discursos fajutos e não tem para onde ir, para onde fugir da verborragia diária.

A liberdade é assinada através do grito de um estilo que nasceu para quebrar padrões. Colocou a mão na massa, reinventou o que já existia e o transformou em atitude com o “faça você mesmo”. Faça o que quiser, do jeito que quiser, na música e na vida, mesmo que sua memória só exista por 30 segundos.

A contestação é em forma de grito: “Você acha que eu preciso de um disco/Você acha que eu fiz tudo que eu quis/Eu Não”! A negação é em negrito, o dito pelo não dito.

A inspiração do passado estava em João Pessoa. Entre as lo-fi sessions com a banda local Rotten Flies, descolou a colaboração do baterista Beto Farias para definir bases - O que ficaria mais lento e o que ficaria mais rápido: “Ilsom sabe o que quer e não perde tempo!”. Disse o baterista, impressionado com a velocidade de todo processo.

Sem meias palavras, o desabafo aqui é outra. Com a língua solta, manda de cara uma mensagem direta, sem subterfúgios. Zefirina não leva desaforo para casa: “Vá se arrombar, seu merda/Não quero mais entender”. Lidar com o que não pode mudar é um teste infinito.

Nada do que foi dito precisa ser entendido. Nada entendido precisa ser dito. Nada dito pela Zefirina Bomba precisa ser escrito, mas saia da frente, ela grita em mono!

Zerifina Bomba é atração do Festival Linguarudos 2010

Nenhum comentário: